Fim de tarde ,vi-a do outro lado da rua,se ela nao tivesse
olhado em minha direccao eu nao a teria chamado,ela olhou,parou e sorriu
acenando para mim e eu senti-me obrigado a atravessar a rua.dei-a dois beijos
na face,senti o perfume familiar ,perguntei-a sobre a sua tese de fim de
curso,sobre o estagio,sobre a familia …e derepente eu que que ia do outro lado
da rua,no sentido contrario,dei por mim a leva-la para casa como inumeras vezes
fiz…
Lado a lado,caminhando juntos,vi que nao mais estamos lado a
lado e caminhando juntos numa vida a
dois,enquanto ela me punha a par de como
estava a sua vida,tentei procurar naquele olhar fragmentos da pessoa por quem
outrora me apaixonei perdidamente,e questionei-me sobre o porque daquela paixao
tao avassaladora,me lembro que estava convicto
de que ela era especial e unica,hoje,sem a mesma conviccao de antes
,acho que tentamos ver algo especial e unico por quem nutrimos sentimentos
especiais,convencemo-nos de que ninguem mais tem aquele olhar,aquela mania esquisita,aquela
qualidade,mas a verdade eh que somos mais de 7 bilioes de pessoas no mundo…
Mas ela era a unica
mulher por quem senti uma enorme raiva depois do termino de um
namoro,era por causa dela que por tanto tempo eu dizia dentro de mim ‘’maldita
sejas Marina,maldita sejas’’ sempre que
tentava[e nao conseguia] familiarizar-me com outro corpo e personalidade.
Durante a conversa esbocei um sorriso timido,tipico de quem
imagina ou se lembra de algo que nada tem haver com a conversa que esta a
ter,ela me perguntou porque eu sorria,eu nao a disse pois nao sabia como dizer
que meu sorriso deviasse ao facto de acabar de me lembrar que meses depois do
termino do nosso namoro a ideia de ser solteiro me assustava,me assustava ainda
mais ter de refazer a minha vida amorosa,nao sabia mais como interessar-me por
alguem,nem como fazer com que alguem se
interessase por mim.
Enquanto ela falava perguntei –me porque que justamente naquele
dia fui para casa de um caminho diferente,e porque nao vim com a companhia de
um colega do trabalho,se assim tivesse sido,por mais que eu tivesse ido daquele caminho,estando
acompanhado no maximo eu teria estado a
falar com ela por mais 2 minutos depois de a cumprimentar,e nao aqueles 20min
que pareciam eternos.
Atravessando com o sinal fechado,ouvimos uma musica vinda de
um dos carros parados no semaforo,ficamos mais desconfortaveis do que ja estavamos,era
a musica que ela adorava cantar para mim,’’lirandzo’’ da Neyma.tentamos
sorrir ela cantou um trecho da musica e
perguntou-me se me lembrava,respondia-a com um beijo,depois a disse que nunca eh tarde para fazer o que eh certo,e
que nos somos certos um para o outro,disse
que o primeiro amor nunca esquecemos,e que vale apena tentar de novo, eu fingia
acreditar no que dizia e ela fingia
acreditar no meu fingimento.
Eu ate podia ter continuado a dizer que deveriamos tentar de novo,que
fomos feitos um para o outro,mas ja estavamos
debaixo do predio dela.liguei-lhe duas vezes,combinamos de sair,mais nunca chegamos
a faze-lo,eu estava pouco certo do futuro,por isso tinha que tirar uma duvida
do passado,mais dei conta que hoje eh so isso que ela eh para mim,passado,nao voltei a ligar-lhe,nao saimos,deixamo-nos ser
o que somos hoje um para outro, memorias agridoces.
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