segunda-feira, 21 de maio de 2012

O desencontro




Fim de tarde ,vi-a do outro lado da rua,se ela nao tivesse olhado em minha direccao eu nao a teria chamado,ela olhou,parou e sorriu acenando para mim e eu senti-me obrigado a atravessar a rua.dei-a dois beijos na face,senti o perfume familiar ,perguntei-a sobre a sua tese de fim de curso,sobre o estagio,sobre a familia …e derepente eu que que ia do outro lado da rua,no sentido contrario,dei por mim a leva-la para casa como inumeras vezes fiz…
Lado a lado,caminhando juntos,vi que nao mais estamos lado a lado  e caminhando juntos numa vida a dois,enquanto ela me punha a par  de como estava a sua vida,tentei procurar naquele olhar fragmentos da pessoa por quem outrora me apaixonei perdidamente,e questionei-me sobre o porque daquela paixao tao avassaladora,me lembro que estava convicto  de que ela era especial e unica,hoje,sem a mesma conviccao de antes ,acho que tentamos ver algo especial e unico por quem nutrimos sentimentos especiais,convencemo-nos de que ninguem mais tem  aquele olhar,aquela mania esquisita,aquela qualidade,mas a verdade eh que somos mais de 7 bilioes de pessoas no mundo…
Mas ela era a unica  mulher por quem senti uma enorme raiva depois do termino de um namoro,era por causa dela que por tanto tempo eu dizia dentro de mim ‘’maldita sejas  Marina,maldita sejas’’ sempre que tentava[e nao conseguia] familiarizar-me com outro  corpo e personalidade.
Durante a conversa esbocei um sorriso timido,tipico de quem imagina ou se lembra de algo que nada tem haver com a conversa que esta a ter,ela me perguntou porque eu sorria,eu nao a disse pois nao sabia como dizer que meu sorriso deviasse ao facto de acabar de me lembrar que meses depois do termino do nosso namoro a ideia de ser solteiro me assustava,me assustava ainda mais ter de refazer a minha vida amorosa,nao sabia mais como interessar-me por alguem,nem como fazer com  que alguem se interessase por mim.
Enquanto ela falava  perguntei –me porque que justamente naquele dia fui para casa de um caminho diferente,e porque nao vim com a companhia de um colega do trabalho,se assim tivesse sido,por mais que  eu tivesse ido daquele caminho,estando acompanhado  no maximo eu teria estado a falar com ela por mais 2 minutos depois de a cumprimentar,e nao aqueles 20min que pareciam eternos.
Atravessando com o sinal fechado,ouvimos uma musica vinda de um dos carros parados no semaforo,ficamos mais desconfortaveis do que ja estavamos,era a musica que ela adorava cantar para mim,’’lirandzo’’ da Neyma.tentamos sorrir  ela cantou um trecho da musica e perguntou-me se me lembrava,respondia-a com um beijo,depois a disse que  nunca eh tarde para fazer o que eh certo,e que nos somos certos um  para o outro,disse que o primeiro amor nunca esquecemos,e que vale apena tentar de novo, eu fingia acreditar  no que dizia e ela fingia acreditar no meu fingimento.
Eu ate podia ter continuado  a dizer que deveriamos tentar de novo,que fomos feitos um para o outro,mas  ja estavamos debaixo do predio dela.liguei-lhe duas vezes,combinamos de sair,mais nunca chegamos a faze-lo,eu estava pouco certo do futuro,por isso tinha que tirar uma duvida do passado,mais dei conta que hoje eh so isso que ela eh para mim,passado,nao  voltei a ligar-lhe,nao saimos,deixamo-nos ser o que somos hoje um para outro, memorias agridoces.

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